Na parte baixa da antiga vila de Idanha-a-Nova, um imóvel com cerca de 7.000 m2, abandonado há cerca de quinze anos, em parte em ruínas, coberto de ervas daninhas, silvas e vegetação rasteira, aguardava o impulso de um cidadão para o transformar num espaço de habitação para as necessidades da comunidade idanhense.
A partir de 2019, manifestámos o nosso desejo de transformar este local abandonado num espaço de vida que possa ser utilizado para responder às necessidades da comunidade local.
Em dezembro de 2020, com o apoio do Dr. Jean-Pierre Willem e da associação humanitária Médecins Aux Pieds Nus, adquirimos esta propriedade para a transformar num projeto que beneficiaria todos, aqui e no estrangeiro.
Há vários meses que retiramos desta propriedade camiões de mato, ramos e vários tipos de resíduos e lixos para descobrir terraços maravilhosos capazes de se tornarem um espaço de vida ecológico para demonstrações práticas, soluções ambientais úteis para o bem-estar, a autonomia e a partilha de conhecimentos entre gerações.
Um local onde as pessoas se podem encontrar e tomar iniciativas para melhorar o seu bem-estar físico, mental, emocional e espiritual, respeitando as tradições, culturas, técnicas e espiritualidades que hoje são esquecidas ou negligenciadas devido à omnipresente futilidade social que se deleita com o inútil.
Um lugar onde o conhecimento é partilhado, onde as artes e ofícios, a cultura e a agricultura são finalmente reconhecidos como riquezas do tempo, valores que ajudam o ser humano a crescer em todas as suas dimensões.
Um espaço onde cada um pode encontrar um "refúgio" para meditar, para se unir tanto à terra que nos alimenta como ao céu que ilumina os nossos corações.
O espaço, junto à via romana, nesta zona da antiga vila de Idanha-a-Nova, situa-se num dos Caminhos de Santiago... e poderá tornar-se um refúgio de calma e paz para os peregrinos que por ali passam e percorrem o caminho das suas vidas... das fadigas do quotidiano e dos trabalhos da terra, para a luz que ilumina as mentes e inflama os corações.
Poderá este espaço tornar-se - de acordo com os desejos expressos pela OMS desde os anos 80 - um lugar protegido onde todos, ocidentais ou não, possam beneficiar de serviços de saúde e de cuidados de bem-estar que respeitem a sua educação, a sua filosofia, as suas crenças e a sua cultura, sem dogmatismos nem fanatismos médicos e com o maior rigor terapêutico possível?
... O globalismo que queremos não é o globalismo que os dirigentes políticos e financeiros que governam o mundo querem impor, mas o globalismo do respeito pelas diferenças, da fraternidade e da atenção aos que sofrem. É por este globalismo que temos vindo a demonstrar o nosso empenho e acções humanitárias há mais de 30 anos.
A propriedade, já designada "ESPACE BIO GAIA" em referência à Terra, está a sofrer uma grande transformação graças à tenacidade de algumas pessoas que lhe dedicam um pouco do seu tempo. O seu objetivo é restaurar a beleza e a harmonia que fizeram desta propriedade um lugar excecional para viver no passado, e transmiti-la às gerações futuras.